domingo, 20 de março de 2011

Onde estará a Poesia?

Por Érica de Campos

Talvez muitas pessoas não saibam, mas dia 14 de março comemoramos o Dia Nacional da Poesia. E o que é poesia? Eu não gostaria de definir a poesia tecnicamente, pois é exatamente “isso” que quero evitar. Creio que é mais importante falar sobre a função da poesia. E se ela tem função, qual seria? Eu diria sensibilizar. Essa, para mim, é a função primordial da poesia, principalmente se estivermos falando de poesia na escola, que por muitas vezes deixa a poesia de lado. Em um mundo cada vez mais tão corrido e concorrido como o nosso, ver a vida com um olhar poético fica cada vez mais difícil. Difícil, mas não impossível se quisermos! É preciso retomar, e muito mais que isso, reaprender a ter esse olhar diante a vida.

Quem sabe a pergunta ideal seria “Onde estará a poesia?”. Se me fizessem essa pergunta, eu diria que a poesia está em tudo, está em nós. E se eu não soubesse responder? Acho que poucas pessoas se prontificariam a me responder, elas têm perdido a intimidade com ela... Os textos poéticos, na escola, têm sido usados praticamente como um mero instrumento para vários tipos de tarefas. Tudo é muito mecânico e o prejuízo é grande (embora muitos não se incomodem, ou até gostem disso), pois o contato com a poesia possibilita entre outras coisas educar a sensibilidade promovendo o envolvimento emocional do leitor pela obra. Na verdade, o que falta é um envolvimento maior com a poesia em sala de aula, um envolvimento verdadeiro, partindo da instituição e dos professores (e não só os professores de Português e Literatura, mas os de qualquer disciplina, pois a Poesia pode e deve ser trabalhada interdisciplinarmente), partindo para os alunos e chegando às famílias – a leitura do texto poético exige do leitor mais desprendimento. Não resume-se à simples leitura, é preciso interpretar, imaginar e sentir o quê se lê, a poesia é uma espécie de jogo, desafia e instiga. Mas ainda assim, com todas essas características que deveriam ser atraentes para qualquer um, o que ocorre, infelizmente, é uma rejeição quase generalizada da poesia por parte dos alunos. A escola precisa urgentemente repensar sobre o tema, inserir a poesia na vida de seus alunos de forma mais criativa e prazerosa, levar ao conhecimento deles este universo repleto de possibilidades, tão mágico e tão necessário.

     
     O contato com a poesia pode exercer bastante influência no processo de formação do indivíduo e de seu desenvolvimento intelectual, ampliando suas possibilidades de comunicação verbal e corporal. A poesia é capaz de tornar  visível algo abstracto como, por exemplo, os sentimentos e emoções em relação ao que se vive, ao que se sonha e pensa: admirar, pensar, analisar, concluir, ou seja, a poesia, no final das contas, estimula e desenvolve o espírito crítico. Não é à toa que há muito Aristóteles (e mais tarde Tomás de Aquino comentando-o) diria que “o poeta assemelha-se ao filósofo”.




          Poesia é vida, é arte. Sendo assim, meu caro leitor, peço, carinhosamente, que reviva o poeta ou a poetisa que há em você! Viva a Poesia que há!



*Texto de Érica de Campos - publicado em março de 2011, na Coluna Educação do jornal mensal A Voz do Lojista Meritiense - jornal de circulação no município de São João de Meriti/RJ.

*Imagens de Daniel Bueno, do livro de Fábio Yabu, com ilustrações de Daniel Bueno "Apolinário - O homem dicionário" (Editora Panda Books, 2011).


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