domingo, 20 de março de 2011

La Maison en Petit Cubes - Curta-metragem

Título: La Maison en Petit Cubes

Duração:12 minutos
Ano: 2008
País: Japão
Direção: Kunio Katô

      Sou fã de curta-metragens, e estou sempre procurando algo que me surpreenda entre eles, mas posso afirmar que de todos os curtas animados que assisti até o momento. Simplesmente, La Maison en Petit Cubes conquistou meu coração... 

        Emocionante e lindíssimo, o curta consegue nos envolver, comover e nos dizer muito com sua imagem-linguagem tão única, ilusoriamente parecendo uma grande tela pintada a se movimentar nos contando uma história um pouco triste sim, mas carregada de beleza e significados; contando ainda com uma trilha sonora mágica, maravilhosa que nos liga, definitivamente ao mundo daquele senhor tão solitário.


     A história tem como tema central a solidão, a velhice, o passar do tempo e as consequências de nossas atitudes. Decidido, o Senhor Velhinho (resolvi batizá-lo assim, já que o personagem não tem nome e o curta se resume a animação e música), vem resistindo no mesmo lugar (sua pequena casa em sua cidade submersa) ameaçado pelo nível do mar, que não para de subir há tempos e engolira toda sua cidade. Ele, com intuito de resistir ao acontecimento, vai construindo novos andadres em sua casa a medida que o nível do mar vai subindo. 

    Em determinado momento de sua existência ele se dá conta de como passou o tempo ao mergulhar atrás de seu cachimbo, que ao cair na água do mar através de escotilhas que ligam todos os andares da casa construídos até o momento, o transporta para uma aventura ao seu próprio passado. 
     
      A cada nível de profundidade o Senhor Velhinho nos leva junto com ele à uma maravilhosa retrospectiva de sua história de vida. Como ele chegara até ali, as pessoas que fizeram parte de sua vida, a sua cidade que um dia existira: a sua corajosa (ou teimosa?) resistência ao permanecer naquele lugar mesmo com tudo o que acontecera... 


    Quando terminamos de assistir o curta, fica uma estranha sensação de tristeza e compaixão. Nos faz refletir sobre nossas escolhas, e que as vezes, se não formos cuidadosos, podemos deixar os melhores momentos de nossas vidas escaparem de nossas mãos. 


   Ao compartilhar com o Senhor Velhinho a sua história, sinto que algo mudou em mim ao observar as pessoas que fazem parte de minha vida!
    La maison em petit cubes levou o Oscar de animação do ano de 2008 merecidamente.
   Assistam também esse belíssimo curta de animação e descubra o que ele mudará em você!




La maison en petit cubes, de Kunio Katô  levou o Oscar de animação do ano de 2008 merecidamente.





Pedagogicamente, pode-se trabalhar:

  • Paisagem natural e modificada;
  • Mudanças climáticas;
  • Valorização de coisas simples da vida;
  • Consequências de nossas atitudes;
  • As mudanças que ocorrem com o passar do tempo (nos homens - fisicamente e mentalmente - e no ambiente - natural e urbano);
  • Entre outros.

Onde estará a Poesia?

Por Érica de Campos

Talvez muitas pessoas não saibam, mas dia 14 de março comemoramos o Dia Nacional da Poesia. E o que é poesia? Eu não gostaria de definir a poesia tecnicamente, pois é exatamente “isso” que quero evitar. Creio que é mais importante falar sobre a função da poesia. E se ela tem função, qual seria? Eu diria sensibilizar. Essa, para mim, é a função primordial da poesia, principalmente se estivermos falando de poesia na escola, que por muitas vezes deixa a poesia de lado. Em um mundo cada vez mais tão corrido e concorrido como o nosso, ver a vida com um olhar poético fica cada vez mais difícil. Difícil, mas não impossível se quisermos! É preciso retomar, e muito mais que isso, reaprender a ter esse olhar diante a vida.

Quem sabe a pergunta ideal seria “Onde estará a poesia?”. Se me fizessem essa pergunta, eu diria que a poesia está em tudo, está em nós. E se eu não soubesse responder? Acho que poucas pessoas se prontificariam a me responder, elas têm perdido a intimidade com ela... Os textos poéticos, na escola, têm sido usados praticamente como um mero instrumento para vários tipos de tarefas. Tudo é muito mecânico e o prejuízo é grande (embora muitos não se incomodem, ou até gostem disso), pois o contato com a poesia possibilita entre outras coisas educar a sensibilidade promovendo o envolvimento emocional do leitor pela obra. Na verdade, o que falta é um envolvimento maior com a poesia em sala de aula, um envolvimento verdadeiro, partindo da instituição e dos professores (e não só os professores de Português e Literatura, mas os de qualquer disciplina, pois a Poesia pode e deve ser trabalhada interdisciplinarmente), partindo para os alunos e chegando às famílias – a leitura do texto poético exige do leitor mais desprendimento. Não resume-se à simples leitura, é preciso interpretar, imaginar e sentir o quê se lê, a poesia é uma espécie de jogo, desafia e instiga. Mas ainda assim, com todas essas características que deveriam ser atraentes para qualquer um, o que ocorre, infelizmente, é uma rejeição quase generalizada da poesia por parte dos alunos. A escola precisa urgentemente repensar sobre o tema, inserir a poesia na vida de seus alunos de forma mais criativa e prazerosa, levar ao conhecimento deles este universo repleto de possibilidades, tão mágico e tão necessário.

     
     O contato com a poesia pode exercer bastante influência no processo de formação do indivíduo e de seu desenvolvimento intelectual, ampliando suas possibilidades de comunicação verbal e corporal. A poesia é capaz de tornar  visível algo abstracto como, por exemplo, os sentimentos e emoções em relação ao que se vive, ao que se sonha e pensa: admirar, pensar, analisar, concluir, ou seja, a poesia, no final das contas, estimula e desenvolve o espírito crítico. Não é à toa que há muito Aristóteles (e mais tarde Tomás de Aquino comentando-o) diria que “o poeta assemelha-se ao filósofo”.




          Poesia é vida, é arte. Sendo assim, meu caro leitor, peço, carinhosamente, que reviva o poeta ou a poetisa que há em você! Viva a Poesia que há!



*Texto de Érica de Campos - publicado em março de 2011, na Coluna Educação do jornal mensal A Voz do Lojista Meritiense - jornal de circulação no município de São João de Meriti/RJ.

*Imagens de Daniel Bueno, do livro de Fábio Yabu, com ilustrações de Daniel Bueno "Apolinário - O homem dicionário" (Editora Panda Books, 2011).


sábado, 5 de março de 2011

Meu pé de laranja lima

Capa do livro Meu pé de laranja lima feita por Rui de Oliveira. Apesar de ter inúmeras capas, inclusive mais atuais, coloquei esta por que é a capa do meu exemplar: tenho muito carinho por este livro.

   Posso dizer, sem sombra de dúvida, que este foi o primeiro livro que me emocionou verdadeiramente. Lembro-me perfeitamente (foi em 1996!) como foi impactante para mim ler este livro. Eu sentia raiva e compaixão, ria e chorava com o livro e até hoje, sempre que o leio (pois já o li diversas vezes!), é a mesma coisa: Eu me misturo, entro dentro da vida de Zezé, fico com vontade de dar colo ao Luís, compreendo o amor de Godóia, fico magoada com Jandira... É realmente uma história envolvente, EMOCIONANTE!
     
   O livro de José Mauro de Vasconcelos conta a história de Zezé, que tem muitos irmãos e é de uma família pobre. Ninguém tem muita paciência com ele, ele é sempre deixado de lado, por isso ele se sentia melhor na rua que em casa. Zezé  é um menino, antes de qualquer coisa e a pesar de tudo, um menino sonhador; dizia ele "... quando eu crescer quero ser sábio e poeta e usar gravata de laço. Um dia eu vou tirar retrato com gravata de laço. [...] quando Tio Edmundo me mostra retrato de poeta na revista, todos tem gravata de laço." - Zezé era só uma criança, uma linda criança gritando por socorro.  


   Uma de suas maiores surpresas é perceber que se pode cantar sem abrir a boca – ou seja, ficar pensando em uma música e deixá-la tocar dentro da cabeça. E quando a família se muda para uma casa onde há muitas árvores no quintal, cada irmão escolhe uma para si – um fica com a mangueira, outro pega o pé de tamarindo e assim vai... Sobra para Zezé um pequeno pé de laranja lima. No início ele não se conforma muito, mas passando o tempo acontece algo maravilhoso: ele e essa árvore ficam tão amigos que eles passam a conversar e até  a brincar juntos!
 
   Como diz o autor, esta é a "história de um meninozinho que um dia descobriu a dor..." um menino que está começando a descobrir o mundo e a perceber que na vida existem alegrias, como ter um amigo, e também tristezas, como quando o amigo vai embora para sempre.
 
   Meu pé de laranja lima se uma leitura inesquecível e importante para quem o lê. Valores como amizade e união são o destaque da história, além de mostrar o quanto carinho, atenção e amor podem fazer falta em nossas vidas. Nos faz refletir muito sobre como lidamos com as pessoas que fazem parte de nossas vidas, ou seja, valorizar e cultivar o quê temos, ou buscar o que ainda nos falta. è preciso dar atenção aos que estão a nossa volta.

" Naquele tempo. No tempo de nosso tempo, eu não sabia que muitos anos antes, um Príncipe Idiota ajoelhado diante de um altar perguntava aos ícones, com os olhos cheios d'água: 'POR QUE CONTAM COISAS ÀS CRIANCINHAS?'
A verdade [...] é que a mim contaram as coisas muito cedo."
(palavras do último capítulo do livro Meu pé de laranja lima)




Um pouco mais sobre...


Meu pé de laranja lima no teatro
   O livro Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos, foi lançado em 1968, e faz muito sucesso até hoje. Em 1970, o diretor Aurélio Teixeira adaptou a obra para o cinema. Também já foram feitas algumas versões para televisão (telenovelas) e teatro. Já foi traduzido para 32 línguas, inclusive, ganhando uma adaptação coreana para quadrinhos em 2003.


   Roteirizado e dirigido por Marcos Bernstein uma nova adaptação cinematográfica do livro Meu Pé de Laranja Lima está sendo filmada na Zona da Mata de Minas Gerais. Se quiser saber mais sobre, visite o blog de divulgação MEU PÉ DE LARANJA LIMA, está super bacana. O elenco está bárbaro, torço para que seja o maior sucesso. Estou ansiosa para conferir o filme!





Zezé encontrando Minguinho (o seu pé de laranja lima).
Versão de 1980 (telenovela - Rede Bandeirantes) de Meu pé de laranja lima (romance imortal ou biografia de José Mauro de Vasconcelos). Uma hisoria que emocionou e influênciou muitas vidas.
No elenco: ALexandre Raimundo, Cristina Mullins, Elias Gleiser, Neuza Borges, Dionizio Azevedo entre outros....


Pedagogicamente, podemos trabalhar:
  • Valorização da vida;
  • Valorização da conquista e a importância da amizade;
  • Importância do ludismo e da fantasia;
  • Conhecimento da realidade de famílias pobres (com o cotidiano limitado);
  • Relacionamentos familiares (a importância do diálogo em família);
  • Busca da ternura e da humanidade que há em cada um;
  • Entre outros.